Deixando a estagnação do desempenho em segurança para trás
Como consultor em gestão de operações, tenho encontrado incontáveis empresas que implementaram tantos sistemas, regras e regimes de capacitação, que estão convencidas de que estão operando com o máximo de desempenho em segurança; além disso, têm uma aparente satisfação com os resultados que estão alcançando. Mas esta falsa sensação de segurança é decepcionante. Na verdade, elas alcançaram um ponto no qual todos os sistemas e regras que foram implementados acabam impedindo novas melhorias na segurança das operações. Estas empresas precisam deixar para trás a estagnação na qual encontram-se atualmente, e buscar algo ainda melhor.
Eu entendo porque muitas empresas sentem-se da mesma forma. Em meus mais de 40 anos de trabalho na indústria de caminhões e na dss+, tenho visto uma evolução transformadora na maneira com a qual as empresas promovem operações melhores e mais seguras. Quando os veículos japoneses, melhor fabricados, começaram a entrar no mercado norteamericano nos anos 1980, os fabricantes estadounidenses viram a necessidade de adotar sistemas de gestão que os permitissem competir com os produtos de grande qualidade de seus concorrentes japoneses. Como resultado, por volta dos anos 2000, as empresas implementaram em suas operações um grande número de diferentes sistemas, incluindo sistemas de gestão da qualidade, sistemas de gestão ambiental, sistemas de gestão de segurança, sistemas de gestão da excelência operacional, entre outros.
Muitos dirão que implementaram cerca de 80% de um sistema de gestão em particular, declararam vitória, e seguiram para a implementação do próximo sistema ou iniciativa. Quando já não puderam manter estes sistemas parcialmente implementados, e o desempenho sofreu como resultado, as empresas começaram a integrar todas as iniciativas distintas em um amplo Sistema de Gestão de Operações que, se executado com rigor, tinha o objetivo de melhorar o desempenho em todas as frentes.
Um extenso Sistema de Gestão de Operações, combinado com regulações melhoradas, tem ajudado a reduzir a frequência das lesões no local de trabalho, no entanto isto levou com que a gerência e os comitês de segurança da planta sejam complacentes. Os níveis de supervisão foram reduzidos, de tal forma que a liderança está passando menos tempo na área de produção, identificando os riscos com os colaboradores. Os operadores que trabalham com equipamentos e máquinas sabem onde estão os perigos, mas não estão os reportando nem os enfrentando de uma forma sistemática. Muitos riscos ainda se fazem presentes, mas não há esforços para reconhecê-los e evitá-los, melhorando ainda mais o desempenho em segurança. Neste ponto, as organizações estão presas a um desempenho de segurança rotineiro, sem sinais de melhorias visíveis ou embasadas em dados.
Existem duas formas com as quais as empresas podem deixar esta estagnação para trás e alcançar um desempenho superior em segurança. Primeiro, devem seguir os passos necessários para incrementar a conscientização dos riscos entre os trabalhadores, especialmente entre os mais jovens. Os Millennials que estão ingressando na força de trabalho são parte de uma geração que tem menor percepção dos riscos que as gerações anteriores. Partindo de uma abordagem comportamental, a conscientização dos riscos pode ser situacional e estar sendo influenciada por fatores externos. Os trabalhadores mais jovens, muitos dos quais participam de atividades organizadas como esportes competitivos, onde o risco é controlado para eles, ou que engajam com jogos digitais, onde não existe o risco da lesão física, podem entrar em uma planta ou caminhar na área de procução com um pressuposto incorreto de que o local de trabalho será tão seguro quanto as outras atividades que desempenham.
Além disso, a demografia da força de trabalho está mudando. Na medida em que os Baby Boomers se aposentam, levam consigo um conhecimento arraigado sobre os perigos não reconhecidos que existem nas operações. Para complicar ainda mais a situação, há uma grande dificuldade na comunicação entre os Baby Boomers e os Millenials, o que pode inibir a troca de melhores práticas para prevenção da exposição aos riscos que são conhecidos, mas não são documentados. Uma vez que o conhecimento institucional sobre os perigos é perdido, há uma maior probabilidade de tomadas de decisões pobres que levem a graves lesões.