Cristiane Goulart: liderando uma jornada de segurança para a vida

Publicado em mar. 28, 2024
Cristiane Goulart
Cristiane Goulart

Executiva da Mercedes-Benz do Brasil

P.

Como começou a sua jornada em segurança e como progrediu?

Sou formada em Direito e me especializei na área trabalhista. Então, assim começou minha carreira corporativa, como consultora jurídica trabalhista em uma grande empresa multinacional. Quando acontecia um acidente de trabalho, eu ia para a área entender o que havia ocorrido e sempre perguntava muito a várias pessoas envolvidas naquela área de operação, tudo isso para ir além da teoria e defender melhor a empresa. Fui passando pelas empresas e sempre estive muito próxima da área de segurança, era algo que vinha naturalmente. Então, entendi que esta disciplina estava dentro de mim, sempre acreditei na segurança para a vida.

Comecei na minha atual empresa na área de consultoria trabalhista e logo assumi a presidência da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). Como sempre, quando acontecia um acidente eu ia para a área, ouvir as partes, entender os porquês, participar das investigações. Eu não era líder da área de segurança, mas era uma líder que sempre se interessava pelo tema. Aí começa a jornada para assumir a liderança de segurança da empresa, pois este tema já fazia parte do meu DNA. Acredito que assumi a área de segurança pela curiosidade pelo tema, que sempre fez parte do meu dia a dia, mas também porque sou uma líder que demonstrei ter toda a percepção do que o tema significa para o negócio.

“O líder precisa entender pelo que ele é responsável e que a liderança visível inspira as pessoas, que quando aplicamos isso no dia a dia, trazemos conceitos para a vida da pessoa. ”

– Cristiane Goulart, Executiva da Mercedes-Benz do Brasil

P.

De que forma a cultura organizacional e a boa liderança podem fazer a diferença na evolução da segurança no local de trabalho?

Uma transformação cultural acontece primeiro com a regra, depois pelo comportamento, é uma jornada intensa. E tudo começa com a liderança, pois é o líder que dá o tom da mudança, da evolução. O líder precisa entender pelo que ele é responsável e que a liderança visível inspira as pessoas, que quando aplicamos isso no dia a dia, trazemos conceitos para a vida da pessoa. Este líder não pode deixar situações passarem, não pode ser conivente com determinadas atitudes, ele precisa atuar.

É importante também ter boas ferramentas de comunicação para estimular cada vez mais as pessoas, pois, a partir de certo momento, a responsabilidade pela segurança precisa ser compartilhada por todos. Cada pessoa é importante para influenciar a cada um.

P.

Como podem os programas de segurança beneficiar-se da inovação e da mudança tecnológica? Além disso, qual é o papel da comunicação?

Em 2021, fizemos a votação da CIPA online pela primeira vez. Foi uma experiência bastante desafiadora e com muitos aprendizados. Agora, já conseguimos realizar de uma forma mais normalizada. No ano passado, realizamos a primeira semana SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho) de forma digital. Mais uma experiência desafiadora e com muitos aprendizados. Porém, pudemos perceber uma maior adesão do público, conseguimos atingir um público maior. Temos usado recursos da gamificação para campanhas de segurança, gibis em formatos digitais, sendo possível acessá-los via QR Code. Todos estes são exemplos de como usar a tecnologia a nosso favor e inovar para um alcance e engajamento maior do público.

Deixar as questões menos manuais e mais tecnológicas, é um desafio, porém necessário, pois a tecnologia ajuda a ter ferramentas mais integradas. O grande desafio é integrar todas as ferramentas e atingir todo o público.

O uso do celular dentro da empresa é um desafio, mas é uma importante ferramenta de comunicação que permite inovar e atingir mais pessoas. O fator principal para o uso do dispositivo móvel é disciplinar este uso. Uma questão de disciplina, consciência e equilíbrio.

“ Deixar as questões menos manuais e mais tecnológicas, é um desafio, porém necessário, pois a tecnologia ajuda a ter ferramentas mais integradas. O grande desafio é integrar todas as ferramentas e atingir todo o público. ção.”

– – Cristiane Goulart, Executiva da Mercedes-Benz do Brasil

P.

Qual o impacto que outras áreas, como sustentabilidade, gestão de risco operacional e excelência operacional, têm para ajudar a criar um negócio seguro que esteja mais bem posicionado para resistir à volatilidade da indústria e ter sucesso no longo prazo?

A gestão precisa ser integrada e é preciso ter um sistema robusto para isso. É preciso ter cada vez mais as áreas conectadas para que os resultados sejam alcançados, ter clara a estratégia do negócio junto com as ações que serão adotadas.

Por fim, tudo está conectado à segurança. Quando a segurança melhora, a eficiência do negócio melhora, a qualidade do que é produzido melhora.

A produção vai ter menos impacto se houver menos acidentes, teremos menos problemas jurídicos se tivermos menos acidentes, teremos um ambiente mais saudável porque melhoramos algum aspecto ergonômico, a saúde mental também é impactada se tivermos um ambiente mais seguro. Com todos estes impactos, a visão da empresa vai ser mais apurada, proporcionando uma maior satisfação no ambiente de trabalho. Precisamos apurar a visão das pessoas para que elas tenham cada vez mais esta percepção.

“ Uma área pode ser operacional, por exemplo, mas cada uma desempenha um papel estratégico na empresa. Quando se demonstra isso para a equipe, o engajamento é outro, e quando é dada a oportunidade de ouvi-los, tudo se transforma. ção.”

– – Cristiane Goulart, Executiva da Mercedes-Benz do Brasil

P.

Com base na sua própria experiência, quais você diria que são as três melhores práticas ao criar um programa de segurança no seu setor?

Aqui eu destaco apenas um ponto que é crucial para o sucesso de qualquer iniciativa, que é Ouvir as partes interessadas. Quando se começa algo sem ouvir os interessados, dificulta-se a adesão à iniciativa, o que pode acabar no insucesso do esforço. Ouvir os envolvidos é criar algo em conjunto, proporcionando uma co-construção.

P.

Que iniciativa ou ação você tomou em sua carreira que fez a diferença e da qual você mais se orgulha?

Todo líder precisa ter em mente que só se é líder porque há uma equipe por trás. Então, o que mais me orgulho é de poder reunir 100% da minha equipe toda para conversar, para ouvi-los. Ouvir a minha equipe e fazer projetos com eles de reconhecimento, de valorização, de tudo que fazemos, estimula-os para que eles estejam mais empoderados e que tragam os resultados necessários para a companhia.

O que eu sempre digo é que cada um faz o tamanho da sua área. Uma área pode ser operacional, por exemplo, mas cada uma desempenha um papel estratégico na empresa. Quando se demonstra isso para a equipe, o engajamento é outro, e quando é dada a oportunidade de ouvi-los, tudo se transforma. Essa é a forma da qual me orgulho de liderar.